Saturday, May 19, 2007

Provérbios


Um breve olhar sobre os provérbios angolanos, a partir de recolhas efectuadas entre os séculos XIX e XXUm provérbio carrega sempre dois sentidos “ literal e conotativo “ implicando um significado secundário. A passagem do primeiro ao significado secundário, cuja coerência e possível detectar em determinadas circunstancias, constitui o núcleo da sua beleza, justificando por isso o esforço de interpretação que ele exige.

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Onjimbo lelungi, omunu lonjo Um animal como o papa-formigas vive em qualquer cova que encontrar, já a pessoa tem sempre uma casa. Enquanto as covas abundam na selva, os homens constroem as casas de acordo com as suas necessidades. Os animais não transformam a natureza como os homens. A dignidade da pessoa não se confunde com o modo de vida dos animais.O papa-formigas vive na cova, a pessoa habita uma casa.

-Omunu nda ngo wafa kami ondalu, ava vasyala vayota Apesar da morte, que e uma contingência que afecta os homens, a vida prossegue com os vivos. A substituição e a sucessão são incontornáveis no mundo das relações sociais. A morte não põe termo a sobrevivência comunitária. Não há pessoas insubstituíveis.A pessoa que morre não extingue o fogo, os vivos continuam a servir-se dele.


- Ekepa kalilinasi lositu, omunu kavokendi lomwenho O osso esta para a carne assim como a pessoa esta para a vida. Este provérbio pode ser proferido quando se pretende ensinar ou elucidar alguém sobre a importância da relação existente entre a pessoa, as partes do seu corpo e a própria vida. A relação existencial que se observa nas duas orações do provérbio, permitem inferir a construção de uma metonimia, pois o valor da carne e da pessoa humana e aferido por uma das suas partes. E que não há carne sem osso, mas também não há vida humana sem pessoa.

Apenas com estes três provérbios, rapidamente percebemos a inteligência e beleza da literatura angolana, fazendo um apelo a conduta do ser humano

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